Nova Visão - Manuel de Falla

--MANUEL DE FALLA--
Ele foi uma figura muito peculiar da modernidade, em suas obras sempre podemos perceber que existe a “cor” local do seu país (Espanha). Manuel de Falla, Bela Bartok e Villa Lobos podem ser considerados os 3 grandes compositores “nacionalistas”.



Manuel de Falla nasceu em 1876, ele teve a oportunidade de conviver com a expressão folclórica da Espanha e como sua mãe era pianista, com uma boa educação musical (Com 10 anos já tinha aulas de piano) .

Apenas com 17 anos que ele começou a ter uma “formação musical realmente organizada” e conhece importantes figuras da área, nesse período ele desistiu de ser escritor e passou a se dedicar inteiramente a música e composição. Já no inicio do sec.XX, teve a oportunidade de estudar com grandes professores e de ser muito prestigiado principalmente na Espanha.

A ópera “La vida Breve” foi composta em 1904. Ela foi responsável por um dos prêmios de composição que o compositor ganhou. Infelizmente só foi encenada em 1913 na França. (No próximo post vou falar mais dela. Em 1914 ele volta a Espanha, e conhece o empresário e fundador do balé russo Sergei Diaghilev (cuidava dos principais artistas da época: Ravel, Stravinsky). Esse foi um dos grandes incentivadores para a obra de Falla, e responsável por muitas “portas que se abriram” fazendo com que De falla se torna-se a voz da produção Espanhola.

Com a guerra civil espanhola, em 1936, seu grande amigo poeta Frederico García Lorca é assassinado e no fim da guerra De falla se exila na argentina (por volta de 1939) até a sua morte em 1946. Seu corpo foi transferido para a Espanha e esta até hoje lá.

Ópera "La vida Breve"
Como já disse acima, a obra foi Composta por volta de 1904 e é uma ópera relativamente curta com apenas 2 atos e 4 cenas. Na época Manuel de Falla não conseguiu executar essa obra na Espanha e apenas conseguiu executá-la quando foi para Paris, pois lá ele conheceu os grandes compositores franceses da época que o ajudaram a ver sua peça encenada nos teatros de Nice pela primeira vez em somente 1913.

A ópera, influenciada pelo naturalismo presente na literatura, curta e centrada num drama fulminante e brutal, é próximo a “realidade” da vida de todos. Esse foram um dos motivos que fizeram com que a obra fosse um sucesso.
Mesmo sem De Falla conhecer Granada, cidade em que a ação transcorre, ele recria o ambiente com grande convicção. La vida Breve apresenta paisagens sonoras incríveis, visuais e sociais, pois ela se passa no meio popular e incorpora cenas de trabalho duro, como a dos ferreiros de Albaicin.

A história da ópera se trata de uma Cigana que é apaixonada por um jovem, e este, já está apaixonado por uma garota de classe social mais alta. O drama se passa no casamento do jovem com a garota rica, onde a cigana aparece e resolve pedir “satisfações” e o jovem finge que não conhece a "cigana louca". A cigana indignava, se mata. (é dramático ao extremo com enredo "curto e grosso", no bom sentido!)
No concerto dessa semana ouviremos apenas dois excertos da ópera (parte orquestral):
O Interlúdio: representa o por do sol em granada.
A Dança: onde ocorre a festa de casamento do jovem.

Todas as obras folclóricas têm uma dificuldade “a mais” para sua execução, pois além de tocar corretamente a obra, é necessário absorver a “ginga” de cada folclore e assumir ele.

No caso da “La vida Breve”, é muito difícil conseguir interpretá-la, pois o cantor tem que ter o “sotaque” e “espírito” espanhol, já que a composição se baseia na cultura espanhola. Nesse caso, a orquestra precisa entrar no clima e na atmosfera espanhola criado por de Falla.
Por sorte o regente é espanhol e espero que consiga esta façanha.


Um abraço a todos,

John Blanch