domingo, 30 de maio de 2010

A morte de Tchaikovsky - Acidente ou Suicídio?

P.I Tchaikovsky
O trágico mistério da morte de Tchaikovsky vem atormentando e mexendo com a imaginação de muitos musicólogos, que tentam nas últimas décadas reescrever com precisão os últimos dias do legendário compositor russo através de cartas e relatos da época. Essa tarefa não é nada fácil, principalmente quando nos deparamos com vários relatos de uma mesma ocasião contados por diferentes pessoas de maneira completamente divergente. Afinal, quem está mentindo? Por quê? Existe algum segredo que o compositor fez questão de enterrar e levar consigo ao seu túmulo?
 
O fato é que nove dias após a curiosa estréia da sexta sinfonia, Tchaikovsky morreu repentinamente de cólera, coincidentemente (ou não) essa foi a mesma doença que resultou na morte de sua mãe na sua infância.

Na época em que Tchaikovsky morreu, estava tendo um surto da doença pela cidade e mesmo sendo avisado, ele fez questão de beber um copo de água que não tinha sido fervido. No começo, seus amigos mais próximos e principalmente seu irmão Modest, afirmavam que foi um acidente, mas isso não evitou o surgimento de rumores.  “Como um homem tão inteligente pode fazer uma coisa dessas" "Ele quis tirar sua vida?" "Ele estava em depressão?" "Porque quando começou a ficar doente ele recusou  ver um médico?" "Seria a sua Sinfonia n.6 seu próprio réquiem ou até mesmo uma mensagem suicida?”
 
O compositor sempre teve uma vida sentimental bastante conturbada principalmente quando se tratava de mulheres. Desde que sua mãe faleceu, ele apenas teve a companhia de duas mulheres em sua vida. A primeira resultou em um desastroso casamento com uma aluna e a segunda foi uma relação peculiar com uma baronesa milionária chamada Nadejda van Meck. Ela iria sustentá-lo financeiramente com uma condição: Eles nunca poderiam se conhecer pessoalmente e sua relação só poderia ser por carta. O afeto transformou-se em amor apaixonado e incondicional e eles chegaram a trocar mais de 300 cartas por ano.

(Ao decorrer dos anos, as cartas que começavam com “Cara Madame von Meck,”, transformaram-se em “Amada Nadejda, ” e as cartas que terminavam com “seu sinceramente devoto, P. Tchaikovsky” transformaram-se “seu imortal amado, P.Tchaikovsky”. ).

Essa última relação terminou de maneira repentina dois anos antes da morte de Tchaikovsky, quando Nadejda mandou uma carta dizendo que não iria mais sustentá-lo e não queria mais receber notícias dele. Tchaikovsky ficou arrasado, principalmente quando soube que um compositor francês chamado Debussy estava dando aulas para as filhas de Nadejda.

Algumas coincidências fizeram com que a teoria do suicídio ganhasse força. Além do compositor se preocupar em organizar documentos, revisar partituras e destruir gravações pessoais nos últimos dias antes de sua morte, ele também estava passando por uma fase onde começava a aceitar a sua homossexualidade com seu sobrinho “Vladimir Dadidov” (Relação começava a ser relativamente pública). Como naquela época o homossexualismo era completamente proibido e considerado como crime, Tchaikovsky teve receio que se tal relação chegasse aos ouvidos das autoridades, pudesse levar a terríveis conseqüências e então, devido principalmente à pressão feita por um grupo de conhecidos, optou por aceitar e terminar o seu sofrimento com o suicídio.

Se esse é o verdadeiro motivo da sua morte, seu irmão Modest, que também era homossexual, fez de tudo para esconder esse segredo e não é a toa que suas declarações sobre a última semana de Tchaikovsky são diferentes das declarações dos médicos e de outros conhecidos. O que realmente aconteceu é difícil de saber, mas se Tchaikovsky afirma que em sua Sinfonia n.6 existe um programa "oculto" e ela é dedicada à seu sobrinho Vladimir Dadidov, tenho certeza que tem algo por traz de cada nota dessa audaciosa e emblemática sinfonia.

Abraço a todos,

John Blanch
(Twitter / Formspring / Site / Email)

PS: Esse post serve como uma introdução para o próximo post "Nova visão -  Sinfonia n.6 de Tchaikovsky" que postarei semana que vem.

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