quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Nova Visão - Mussorgsky e Prelúdio Khovantchina

------------------------------A HISTÓRIA----------------------------------
Prelúdio da Ópera Khovantchina
Modest Mussorgsky nasceu na Rússia em 1839 e é considerado, por convenção dos historiadores, como membro do famoso “Grupo dos Cinco”, de compositores nacionalistas. (que também inclui Dargomichki, Cui, Balakirev e Borodin), mas o próprio compositor declarou, em notas autobiográficas, que não pertencia a nenhum dos grupos musicais do seu tempo “nem pelas suas idéias musicais nem pelo caráter de sua arte”



Seu pequeno numero de peças conhecidas não é de surpreender, já que tinha uma vida "miserável", sofria de vários colapsos nervosos, era alcoólatra e constantemente interrompia o processo de composição.(Mussorgsky teve uma vida trágica que possivelmente influenciou sua obra.)

Deve-se admitir que Mussorgsky nunca chegou a dominar completamente as regras de composição e chega a ser criticado por alguns musicólogos, mas será que ele realmente não dominava as regras de composição ou simplesmente preferia rompe-las? O que sabemos é que a obra de Mussorgsky é a mais original da arte russa do século XIX e essas inovações harmônicas de Mussorgsky chamaram a atenção de compositores como Debussy e Ravel (que fez uma orquestração da obra para piano “quadros de uma exposição”, como uma homenagem à influência de Mussorgsky) .

Quando Mussorsgky resolveu começar a composição da ópera Khovantchina, em 1872, ele sempre dizia estar criando “Drama Musical Nacional”, isso porque ela se trata de uma história de quando Czar Pedro começou a reformar o império russo, em 1654. Khovantchina, na verdade é o nome desprezado dado por Czar à rebelião dos Khovansky (contra essa nova reforma).

Em fevereiro de 1881 Mussorgasky chegou a ficar tão deprimido que dizia que não lhe restava nenhuma alternativa além de esmolar nas ruas. Foi internado no hospital militar em São Petesburgo e veio a falecer, no mês seguinte.

A ópera Khovantchina infelizmente ficou inacabada e foi estreada com diversas “correções” do compositor russo Rimsky Korsakov, que chegou a mudar tanto a obra de Mussorgsky, que fez com que ela perdesse o seu charme único. Foi por isso que em 1959, Shostakovich fez uma reedição da partitura, tentando devolver o seu verdadeiro espírito.

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--------------------------------A MÚSICA--------------------------------
A introdução do prelúdio nos remete a uma atmosfera muito tranqüila e serena criada pelas cordas, harpas e sopros, que começam a declamar aos poucos as frases da melodia principal com sons que parecem entrelaçar-se.

O clarinete, para mim, possui um papel importante na obra, pois além de fazer a “abertura” e “fechamento” do prelúdio, tudo parece ser um reflexo e desdobramento dele.

O ambiente fica mais poético e denso quando os cellos fazem uma pequena escala e logo em seguida o tema é declamado pelas cordas. Romântico ao extremo, o ambiente mágico e envolvente parece tomar conta de nossa alma levando-nos a um lugar bem especial e sonhador.

Impressionante como a música de Mussorgsky sempre leva imagens à nossa cabeça. Esse prelúdio me faz lembrar os contos fantasiosos que aprendemos na infância. É a ideologia de um lugar encantado onde reina um mundo de paz e sossego.

Quando entram os contrabaixos, tímpanos e os sinos, o ambiente fica muito mais escuro e denso, mostrando que algo dramático está por vir. A música só parece “relaxar” quando a melodia serena volta com o acompanhamento da harpa e de pizzicatos dos baixos.

As melodias fragmentadas do tema vão sendo declamadas pelos instrumentos de sopro e os sons parecem ir desaparecendo aos poucos, até que o último suspiro do clarinete fecha o começo de uma dramática história.

Um Abraço a todos,

John Blanch

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