domingo, 13 de setembro de 2009

Temporada OSESP - (Prokofiev/Bartók/Dvorak)


Gabor Ötvös regente

Sergei Prokofiev - Sinfonia nº 1 em Ré maior, Op.25 - Clássica
Béla Bartók - Concerto para Viola, Op.postumum
Antonín Dvorák - Sinfonia nº 9 em mi menor, Op.95 - Do novo Mundo

Concerto da Orquestra Sinfônica do Estado de SP - (27/08/09)

Sim, eu assisti esse concerto! rs Desculpe a demora para postar, mas essa semana além de eu ficar um pouco entretido demais com os textos "Nova visão" dos compositores, tive uma bela gripe e acabei não postando tudo. (Não se preocupem, eu não peguei gripe suína, e continuarei a postar no blog normalmente ;D)



Apesar de não ter gostado do maestro na semana passada (A sinfonia de Beethoven que ele fez não me agradou nada), fiquei impressionado com o resultado do maestro nessa semana (mas também não vamos exagerar, pois sendo sincero, reger a Sinfonia de Dvorak e ter a OSESP como orquestra, não tem como não se sair bem).

Alguns minutos antes de começar o concerto, me senti ouvindo "4'33" de John Cage pois todos os cellistas pareciam estar fazendo a mesma "passagem complicada" com os dedos, mas sem fazer nenhum som. Será que é tão difícil assim a sinfonia de Prokofiev? O 1º movimento foi bom e me lembro ter gostado bastante do oboé e não muito do fagote. Sim, sei que existem diversas gravações que parecem fazer questão de não frasear cada nota do motivo B (solo do fagote), mas um pouquinho de condução não faria mal a ninguém né?

Os violinos começaram muito bem no 2º Movimento. Sei que é muito difícil fazer o começo da sinfonia (os violinos fazem notas muito agudas em pp, e muitas vezes essas notas soam muito estridentes) e novamente não gostei muito do fagote (estava um pouco atrasado em relação à orquestra) mas em compensação tanto no 2º movimento quanto no 3º movimento a flauta foi magnífica! Os fraseados que ela faziam eram de arrepiar! Cada nota projetada era pensada e tinham um significado!! Não me lembro quem era a flautista, mas quem souber por favor de os parabéns a ela por mim!

O que mais gostei do 4º movimento foi o efeito de "conversa" entre as duas flautas e ao mesmo tempo os dois oboés. Meu deus, aquela passagem, extremamente rápida parece ser um pouco complicado, mas ambos fizeram um ótimo trabalho e o efeito saiu esplêndido!

Talvez seja pelo fato de Prokofiev ser um compositor mais "rítmico" do que "melódico" (não vamos exagerar, sei que não é bem assim..) mas onde quero chegar, é que talvez devido a isso, eu tenha gostado mais do trabalho do maestro e o resultado final dessa semana)

O difícil concerto de Bartók para viola começou relativamente "precoce". Deixe-me explicar melhor: O maestro e o solista começaram a tocar enquanto as pessoas ainda falavam. Devido à suas assimetrias, sempre achei a música de Bartók difícil de se compreendida, e acredito que seu início repentino não ajudou a fazer com que os ouvintes "entrassem no clima". rs

Roberto Díaz sem dúvida é um virtuoso. A viola nas mãos dele soaram como um instrumento exclusivamente "solista"! Todos os violistas da OSESP também pareciam estar contentes por serem "representados" por Roberto Diaz.

As cordas duplas da viola vibravam com precisão e som que ele produzia tinha uma cor/caráter bem particular que me deixou, de certa maneira, satisfeito. O que não posso deixar de comentar foi que ainda no primeiro movimento o maestro acabou entrando alguns compassos antes e regeu, por um breve momento, o ar. Apesar de tudo isso gostei de ver que a orquestra estava extremamente segura de si mesma e não se deixou ser influenciada por um pequeno erro do maestro. Viva à OSESP! rs

Infelizmente para alguns e felizmente para outros, o vibrato do solista teve a mesma intensidade do começo ao fim, isso não chega a ser uma crítica pois é algo mais particular, mas gosto muito quando o solista faz uma pequena diferença de caráter em momentos mais fortes e tensos ou nos fracos e serenos (Esse caráter muitas vezes é marcado pela diferenciação da intensidade do vibrato)

O último movimento começou muito rápido (um folclore que lembrou mais uma corrida de cavalos) e achei que o solista não ia dar conta "do recado", mas não sei como, ele conseguiu se sair bem.

O público gostou bastante e no bis, o solista quase fez com que o arco pegasse fogo. Em toda minha vida (bom, são só 16 anos de vida, mas mesmo assim..) nunca vi um violista tão virtuoso em minha vida. Ele tinha uma técnica incrível! Podia ver o sorriso no rosto dos violistas da OSESP, que curtiam mais que todos esse momento especial da "revanche das violas" sobre os "virtuosos violinos". rs (PS: Digo isso pois no meio da música erudita, é comum as violas serem os centro de "piadas" devido a sua "falta de virtuosidade" e personalidade)

O auge da noite sem dúvidas foi a Sinfonia n.9 de Dvorak! Eu estava muito ansioso para ouvi-la ao vivo pela primeira vez! Em geral foi tudo muito bonito, bem equalizado, com boas dinâmicas e os metais foram muito bem. Os sopros foram ótimos e a flauta arrasou na introdução do 1º movimento, mas foi uma pena que logo em seguida os cellos não foram tão expressivos. O decorrer do movimento foi bom e o tempo escolhido pelo maestro foi ideal; Se o tema inicial fosse feito um pouco mais "stacatto" ficaria com um caráter "mais adequado", mas isso é algo muito pessoal.

Não vou ficar enrolando e falando do 1º movimento demasiadamente pois estou com uma imensa vontade de elogiar a orquestra no 2ºmovimento.

O que a osesp proporcionou no 2º movimento foi algo mágico, inesquecível! Não sei se eu fui o único, mas não agüentei a emoção. Tudo começa com o triunfal anúncio dos metais, que nos leva a um ambiente de suspense e relativamente instabilidade. O ambiente se torna algo mágico com a entrada das cordas acompanhando os incríveis solos do corne inglês. Uma melodia tão simples...mas tão profunda!! Não tenho palavras e nem consigo descrever a sensação que tive ouvindo a música, só sei que sem nenhuma explicação, aos poucos lagrimas começaram a escorrer sobre meu rosto e fiquei hipnotizado pelo som que saia de cada instrumento. O poder da música realmente é algo inexplicável. Em especial, esse 2º movimento me levou em outra dimensão, sem palavras! (Não me chamem de louco, mas só sei que foi especial)

Eu queria dizer os parabéns para todos os músicos que fizeram esse 2ºmovimento e com certeza tocaram com o coração (sim, falar isso e muito clichê e até bobinho, mas é que fazia tempo que não me sentia assim).

Quando acabou o movimento, estava em outro mundo e não tinha vontade de ouvir nada além do silêncio, meus ouvidos estavam agradecidos por ter escutado uma música tão boa e simplesmente tive vontade de levantar e voltar para casa, ficando até o dia seguinte com essa sensação indescritível. Aquele foi um momento no qual acredito que todos deveriam abaixar a cabeça e agradecer a deus ou alá ou buda ou ao universo ou à sua mãe ou à quem for, pois são poucas vezes em nossas vidas que vamos ter a oportunidade de presenciar algo tão grandioso e especial como foi esse final do movimento.

Prefiro terminar o post por aqui e não comentar o final da sinfonia, acho que já disse tudo. Os outros movimentos não foram perfeitos e talvez seja pelo fato de eu ainda estar mais "para lá" do que "para cá" que eu não tenha aproveitado tanto os outros movimentos quanto o 2º, mas o importante é que saí de diferente de como entrei, com um imenso sorriso no rosto.

Um abraço a todos,

John Blanch

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog John,muito bom mesmo!

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  2. Quero lamentar a falta de música brasileira no programa da Osesp de 2010

    Parabéns pelo Blog

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